FUNDADOR

Dom Afonso Niessl - O.S.B.

1902 - 1989

Nascido em Munique, na Bavária, aos 31 de julho de 1902, fez a sua profissão monástica no nosso mosteiro a 15 de fevereiro de 1927, foi ordenado sacerdote a 20 de dezembro de 1930. Aliás, ele mesmo redigiu o seu mui simples necrológio num latim que revela bem o excelente professor dessa língua que ele foi: "Ad justissimi Jucdicis tribuna Te vocatus Dommus Alfonsus Maria Niessl, O.S.N., 31.07.1902, Monachii, in Bavária, natus, 15.02.1927, monachus, in Brasília, factus; 20.12.1930, sacerdotio unctus; 18.02.1930, e vita functus. Orate pro eo..."

Quanto a seus primeiros anos em nosso mosteiro, passamos a palavra a um de seus colegas, Dom Oscar Schwager O.S.B.: " A primeira vez que eu encontrei Dom Afonso foi no mosteiro de Sorocaba, no dia 30 de agosto de 1926, onde fiquei residindo a fim de fazer o meu noviciado, na Congregação Beneditina Brasileira. Pouco conheci dele, pois era um clérigo (religioso de votos simples da ordem). Sempre estudioso, severo, austero, desconhecendo por completo a palavra "preguiça", sempre preocupado com as orações e o trabalho monástico e útil. Disse-me que fez seus estudos superiores na Congregação Beneditina de Santa Otília na Bavária, sempre alheio às coisas vãs do mundo. Mais tarde, no colégio de São Bento, em São Paulo, demonstrou e ensinou sólida formação religiosa e monástica, e, repleto de gravidade extraordinária, teve uma grande vivência humana e cristã.

Foi diretor espiritual do colégio, de 1933 a 1946, alternando ora com Dom Engelverto Schnell ora com Dom Gabriel Weigert. Foi secretário do colégio em 1939 e 1940 e depois de 1947 até 1958, tendo sido também vice-reitor, de 1950 a 1959, sem falar que desde os seus anos iniciais, ministrou aula de religião. Como diretor espiritual, dedicou-se de corpo e alma a Campanha Missionária, tornando-se nosso colégio campeão missionário nacional várias vezes. Era um homem entusiasmante com a sua larga visão (a ponto de os alunos do colégio, com a sua habitual malícia, dizerem dele: "Do pão de açúcar se avista o Rio de Janeiro, mas do nariz de Dom Afonso o mundo inteiro"...

Teve também Dom Afonso grande atividade no Mosteiro, tendo sido mestre de noviços, de 1941 a 1944, Cerimoniário durante muitos anos, Vice-prior durante o abaciado de D. Paulo Pedrosa, e Pior, de 1959 até 1961, quando então fundou em 1959 o grande trabalho de sua vida, a Casa Dom Macário que, desde aí, se tornou a sua grande preocupação, esse maravilhoso ideal de dedicar-se as crianças abandonadas. Como Cerimoniário, Dom Afonso, em seu entusiasmo pela liturgia, estava sempre exercitando novas maneiras de tornar o culto mais atraente. Dom Afonso, fazendo jus a seu nome monástico, estudava com afinco a moral e frequentemente fazia conferências de casuística à comunidade. Conhecia a fundo as rubricas da liturgia e, depois do Concílio, sabia adaptar-se, como se pôde ver pelas celebrações da Casa Dom Macário.

Durante 43 anos, Dom Afonso foi diretor do Oblatos, isto é, até 1978, mas era alguém sempre interessado por eles, recebendo sempre com gosto o boletim. Foi no seu tempo que, com a indispensável colaboração do Sr. Henrique Caloi, foi fundado este Boletim dos Oblatos de São Bento da Abadia de Nossa Senhora da Assunção. Durante os anos de sua direção, o retiro anual dos oblatos era realizado aqui mesmo no mosteiro durante os dias do Carnaval; os oblatos passavam o dia nas dependências do colégio e iam dormir em casa.

Temperamentos fortes, dinâmicos, dotados de brilhante inteligência e prodigiosa memória, dom Afonso era incansável. De tudo fazia para conseguir dinheiro para manter a sua obra em prol das crianças abandonadas, parecendo muitas vezes aos olhos de alguns, só se preocupar com os cruzados, entretanto, Dom Afonso, era também um homem de oração. Deixou-nos admirável exemplo de amor ao Ofícil Divino (como diz São Bento, " nada se anteponha ao Ofício Divino"), ao qual comparecia, sendo um dos primeiros ao chegar ao coro de manhã. Devido a cegueira, não tinha condições de ler, mas rezava escutando. Jamais deixou de celebrar a Santa Missa; como não podia ler, decorava o evangelho do dia ou algumas partes, sabendo de cor a Oração Eucarística. Nas missas de ocasiões especiais, como por exemplo a páscoa dos antigos alunos, ao falar, à hora da Homilia, empolgava-se que se comovia a ponto de lacrimejar. Era, pois ao mesmo tempo, de caráter áspero, mas era também extremamente sensível. E como gostava de recordar as coisas do passado!

Dom Afonso Viveu de fato o "Ora et labora" da regra de São Bento.

"No dia 18 de fevereiro de 1989, às 11:00, faleceu dom Afonso, no Hospital Santa Catarina, depois de três meses de internamento no mesmo. Por motivo de uma pneumonia, que o enfraqueceu muito mais do que já estava e precisou ser internado. Dias depois, a pneumonia seguiu-se em embolia cerebral. A partir daí, Dom Afonso praticamente perdeu a comunicação, dando raros sinais de que estava entendendo o que se lhe dizia e respondendo ás vezes por gemidos de dor. E assim permaneceu, alimentado por soro, e grande parte do tempo com respiração artificial, esses três meses. Além disso, praticamente cego, o que já vinha acontecendo há muitos meses, dom Afonso foi realmente muito provado. Os últimos dias foram realmente de grande sofrimento, como nos disse o capelão do Hospital, Dom Paulo Sartori. E bem sabemos como Dom Afonso não era pessoa de se entregar. Basta lembrarmos como lutou contra a cegueira dedicando-se às suas atividades até quando pôde. Dom Afonso não se queixava.

No dia 19 de Fevereiro de 1989 ele foi sepultado no Mosteiro, após a Santa Missa celebrada e presidida por nosso novo Abade, Dom Isidoro Oliveira Preto, tendo início as 15h. Estavam presentes muitos dos antigos alunos do Colégio, oblatos mais antigos e também os novos, pois era dia de reunião de oblatos. Rezaram o oficio de Nôa perante o seu corpo, antes da Missa de Exéquias.

No dia 25 de Fevereiro de 1989, às 18:00, foi celebrada, a pedido de vários antigos alunos, uma missa de 7º dia, a igreja ficou repleta. Após a missa, na sacristia da basílica se apresentaram vários dos antigos alunos e foi uma oportunidade para muitos se reverem e combinarem uma reunião de confraternização, então foram relembrados diversos aspectos da vida de D. Afonso.

Que o Exemplo de D. Afonso nos anime a vivermos sempre melhor a Santa Regra.

Dom Bernardo Botelho O.S.B, Fevereiro de 1989.

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